As reivindicações dos ex trabalhadores das minas

Miguel Henriques (PSD), Miguel Tiago (PCP) e João Semedo(BE) continuam a acompanhar os ex trabalhadores da Urgeiriça. Teve lugar no dia 7 de Junho uma visita ás minas destes deputados acompanhados de ex mineiros de várias categorias profissionais, operários, engenheiros, desenhadores e outros que querem ser equiparados aos do fundo da mina, com benefícios na idade da reforma, pagamento de indemnizações daqueles que morreram de doenças já comprovadamente relacionadas com a exposição á radioactividade. A propósito, Matos Dias, que representava a EDM e nos guiava na विसिता, reconhecia que naquele tempo havia desconhecimento da perigosidade, lembrando que o Jardim-Escola da comunidade era colado ás instalações centrais da ENU …!

O consultor da EDM lá ia respondendo ás perguntas acompanhado de vários técnicos, o trabalho de minimização dos riscos de impacto ambiental, tendo sido apresentada uma planta “muito bonita” onde predominavam espaços verdes com mobiliário urbano, estruturas sócio-culturais, anfiteatro e outras. A área é enorme, há já um lugar, o da Barragem Velha em que forem tapados resíduos, lamas, resultantes de processos químicos ou por serem pouco rentáveis se forem acumulando. É a porta de entrada da Urgeiriça, aquele relevo acentuado “plástico” e enganador com cerca e bem delimitado mas bem verde. Mas há outros pontos críticos, em que não houve intervenção nenhuma, como o Poço de Sta Clara que atingiu os 520m de profundidade, 19 galerias, como se fossem 19 andares explicava o desenhador e a jorrar água fora quando chove muito, o nível freático de momento está muito próximo da linha de terra…!

A obra em curso é na zona da Oficina de Tratamento Químico, onde era lançado ácido sulfúrico á terra para medir os teores de rádio, pensamos… Lá estão aqueles montes que já não configuram exactamente as mesmas linhas de relevo. Nota-se perfeitamente uma argila, barro vermelho compactado que seccionado tem em projecto cerca de 80cm, ao fim deve acabar com terra vegetal onde poderão ser plantadas arvores. Há também um outro monte diferente este tapado com outra cor, este dizem que é “argila castanha”, tem aspecto menos compactado, tem algum cascalho, ressalta á vista que tem pouco de impermeável, muito menos ao radão “um gás que se escapa por todo o lado” palavras de Matos Dias. Na nossa opinião é fácil de ver, o capital emprega todas as estratégias para conseguir sacar o máximo de recursos sem olhar a meios, nem que seja á custa de vidas humanas…! Naquele lugar aprazível já morreram mais de 100 (uma centena) com carcinoma da tiróide e do pulmão. Uma nódoa que permanecerá numa escala temporal pouco perceptível ao ser humano, que irá para além destas gerações, um legado aos nossos descendentes! Irresponsabilidade!

Há alguém que pergunta, e Nisa! Pela sensação denotada nos ओल्होस que brilham, o “ouro” dos nossos tempos corromperá tudo e todos se não formos astutos objectivos e incisivos…!

Que negocio, que rentabilidade, que riqueza se equipara á nossa saúde।? Estamos metidos numa grande embrulhada, calhou-nos na rifa este enorme “filão” que vale tanto para dois ou três e mesmo nada para तोडोस.

O urânio de Nisa está á superfície, as emissões já existem ऐ uma das formas de resolver o problema é retira-lo e mais tarde proceder a um trabalho de requalificação ambiental, esta é a opinião de Matos Dias, ex trabalhador responsável do sector geológico da ENU।

Há coisas que fomos perguntando, ouvindo explicações e outras que se sussurram que nem tão pouco se equacionam, são demasiado evidentes, basta passar por lá. Pergunta-se pelo urânio que resta da exploração, parece que estão algumas toneladas fechadas, trancadas, 200 que já não são dos mineiros, ou da EDM, mas do Banco de Portugal. Tal e qual como o ouro pesa-se em libras e serve de garantia, de segurança. É preciso cuidado vale tudo. As nossas jazidas já estarão penhoradas?

Faziam 3 meses, em 7 de Março de 2008, o PS chumbou com a sua maioria arrogante, os projectos de lei do BE, PCP E PSD que procuravam dar anseio á satisfação dos trabalhadores. Matéria que já tinha sido reconhecida e acordada num plenário a 08 de Abril de 2005, o deputado socialista Miguel Ginestal tinha admitido “que havia uma divida do estado para com os trabalhadores, que forem factor de receita económica para os cofres do estado, que o pais nunca lhes retribui aquilo que eles lhe deram.

De tarde houve um plenário, na casa do pessoal mineiro, no bairro com casinhas geminadas muito modestas junto com apontamentos esporádicos de moradias isoladas.

Na sala estava bastante gente, trabalhadores das minas, esposas e viúvas, decididos e empenhados.

Tinha sido enviado convite ao Movimento Urânio em Nisa não, (MUNN), que se marca e caracteriza pelas mesmas causas e lutas.

O deputado social-democrata Almeida Henriques não pode ficar para o plenário pode ficar para o plenário de tarde, mas numa carta que foi lida, garantiu que, “após a vitória do PSD” o partido apresentará de novo o projecto de lei que o PS reprovou. Os trabalhadores “têm que ser tratados com coerência e justiça, além das 44 pessoas abrangidas, pelo decreto lei nº25/2005, considera que todas as restantes que tenham trabalhado pelo menos cinco anos ENU devem ter os mesmos benefícios”.

Miguel Tiago, jovem deputado, lembrou que o projecto do PCP ia mais longe prevendo também o alargamento do programa de saúde já em curso para os antigos trabalhadores e familiares, nomeadamente aos descendentes e o pagamento de indemnizações aos seus familiares “daqueles que comprovadamente tivessem morrido por estarem expostos a situações de risco

“Os partidos fizeram propostas, diferentes, cada um deu o seu contributo, mas o PS com a sua maioria absoluta inviabilizou liminarmente todas as propostas” lamentou.

João Semedo, do BE, naturalmente sensível a esta situação não fosse ele médico, fez entender de que “com a solidariedade das forças de esquerda e dos outros trabalhadores” conseguiremos alcançar os nossos objectivos.

Forem aprovadas duas moções por unanimidade, uma a pedir que seja cedido o campo de futebol á Casa de Pessoal, e a recuperação de uma das estradas que forem feitas com escombros resultantes da exploração de urânio.

Há uma altura em que se pede um minuto de silêncio por mais 2 trabalhadores terem morrido com cancro no último mês. Impressionante porque naquela gente quase se deixou de respirar, denotando-se o chilrar dos passarinhos junto com leves soluços das viúvas. Pedimos ajuda naturalmente, porque não queremos ter fazer em Nisa, um minuto arrepiante como aquele.

Neste sentido existem movimentações para promover uma acção de sensibilização a realizar em Nisa com a Comissao dos ex-Trabalhadores da ENU.