AZU-Ambiente nas Zonas Uraniferas
Rua do Cachafal, 3ºBloco 2º Direito
3520-Nelas
Para os:
Ministério do Ambiente
Ministério da Economia
Ministério da Saúde
No território, hoje nacional, desde há milénios que se minera. Do tempo dos fenícios, passando pela romanização passando pela Idade Média até ao processo de industrialização a partir de meados do século XIX.
Pelas terras beirãs, no século XX, começou a ser explorado o rádio e a partir dos anos 50 desse explorado o urânio.
Até aos anos 70, não houve quaisquer protecções ambientais, menosprezaram-se as consequências para a saúde dos trabalhadores e ignoraram-se completamente os impactos na vida das populações, sendo até estimulada a utilização de escombros da mineração nas suas habitações.
A partir do 25 de Abril, com a possibilidade de organização sindical, houve melhorias na higiene e segurança no trabalho, mas continuaram os sucessivos governos a fazer ouvidos de mercador a quem clamava contra os efeitos do radão e dos escombros para a vida e saúde das populações dos territórios minerados.
Com o encerramento da E.N.U. os problemas continuaram.
Por pressão dos ex-trabalhadores organizados, muitas vezes por notícias veiculadas pelos média ou grupos ligados à acção ambiental, iniciou-se alguma reacção, com vista ao controle e recuperação das áreas afectadas por esta actividade industrial.
Por toda a zona beirã, poços continuam à espera de ser adequadamente selados, escombros continuam à espera da melhor solução, antigas minas continuam à espera de recuperação e tratamento dos seus lixiviados.
As populações continuam à espera que lhes sejam disponibilizados meios para poderem regenerar as suas habitações, muitas vezes com concentrações de radioactividade superiores aos limites legais, e os ex-trabalhadores continuam à espera que lhes seja feita justiça.
Agora, que mais um passo é dado no sentido da requalificação desta nossa zona, que saudamos, desde logo, não deixando de mencionar que tal, não é senão um passo do Estado, no sentido de repor as condições ambientais que são exigidas pela Constituição da República, e retribuir às populações afectadas o sangue, o suor, a dor e muitas vezes a morte a que as obrigou, não quer, não pode a Ambiente nas Zonas Uraníferas, Associação de Ambiente (A.Z.U.) deixar de chamar a atenção para o défice ambiental e social a que continuamos constrangidos.
E para a urgência na reposição, pelas autoridades do Estado, das melhores condições de salubridade por toda a faixa uranífera.
Assim vimos lembrar que:
Já quando da inauguração da Barragem Velha, em 4/4/08, a AZU fez a entrega aos Ministérios presentes do documento com as questões por resolver.
Agora, passados dois anos, essas no essencial mantêm-se, ou seja:
- As águas ácidas do Poço de Stª Bárbara continuam sem solução.
- As casas do Bairro Mineiro que estão com valores de radioactividade, continuam sem serem recuperadas.
-A Barragem Nova não esta recuperada e a Ribeira da Pantanha continua a ser poluída, conforme a Revista da Universidade de Aveiro refere segundo o I.T.N.
- As restantes Minas descritas com prioritárias: Cunha Baixa, Quinta do Bispo, Mina da Bica continuam sem serem recuperadas ambientalmente, pondo em risco as comunidades locais.
-Alertávamos também para a necessidade de publicação regular da monitorização dos dados da Barragem Velha, o que não tem vindo a acontecer.
Por tais factos, não pode, pela consciência ecológica e cívica que a move deixar a A.Z.U. de manifestar o nosso desagrado pelas situações acima descritas, neste acto de inauguração da Zona de Valinhos, e expressar o nosso empenho para que as mesmas sejam corrigidas.
A Direcção da A.Z.U.
terça-feira, 2 de Março de 2010
António Minhoto
Cristiano Silva